Um guia básico de vinhos para não se perder nas prateleiras

um guia básico de vinhos para não se perder nas prateleiras

Apreciar vinho é como apreciar obras de arte: aprende-se com a experiência. Se você é um iniciante no mundo dos vinhos e fica perdido frente à prateleira do supermercado neste inverno, saiba que muitos bons entendedores começaram assim. E a melhor forma de se tornar um sommelier amador é mesmo... provando.

O gosto para vinho é muito particular e para descobrir qual a sua uva preferida, pode ser que você erre algumas vezes. Para o enófilo Marcelo Andrade, os vinhos do Cone Sul são mais fáceis de serem consumidos: "São mais frutados e descomplicados em sua grande maioria". Já os vinhos europeus, até por terem séculos de vida à frente, tendem a ser mais complexos.

A sommelière Deise Novakoski, do "Menu Confiança", explica que os vinhos mais estruturados tem mais tanino, uma substância natural encontrada nos vinhos tintos, derivada das cascas e sementes das uvas, de sabor adstringente."Os vinhos mais estruturados são mais encorpados, pesam mais na boca, deixam a boca mais seca", diz. Entre os mais encorpados estão os vinhos das castas cabernet sauvignon, malbec e syrah, enquanto carménère, merlot, pinot noir e gamay são vinhos mais leves.

A escolha da safra também não é fácil se você não acompanhou os resultados das colheitas das uvas. Então, para não errar, escolha vinhos, tintos ou brancos, produzidos nos últimos dois a quatro anos. Sobretudo os do Mundo Novo, que não costumam ser vinhos de guarda, lembra Marcelo. Mas e a história de 'quanto mais velho melhor'? É mito. Se não for um vinho produzido para ser armazenado, ele perde a coloração e fica ácido quando consumido muitos anos depois da produção.

O armazenamento é outro ponto importante. O ideal é que uma garrafa aberta seja consumida inteira. Mas se for necessário guardá-la, deixe-a bem fechada na geladeira por no máximo três dias. Uma boa opção é a "vacuvin", uma bomba a vácuo que tira o oxigênio da garrafa e preserva o vinho na geladeira por mais tempo. E tanto faz se o que fecha a garrafa é rolha de cortiça, sintética ou tampa de rosca. Se o vinho não tem potencial de guarda e for para ser consumido jovem, é natural que venha com vedações alternativas à rolha de cortiça, mais cara.

Para acompanhar, Ricardo Farias, diretor da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) no Rio de Janeiro, ensina que os vinhos estruturados ressecam mais as papilas gustativas e, por isso, vão bem com comidas mais gordurosas e 'molhadas'. Por isso também não é qualquer queijo que combina com qualquer vinho, lembra Deise: "Os queijos duros e mais gordurosos, como o parmesão, funcionam com os vinhos mais encorpados, enquanto os vinhos mais ligeiros são melhor degustados com queijos moles. O próprio fondue de queijo é uma boa pedida para acompanhar vinhos leves". E para quem acha que inverno é tempo de vinho tinto e dispensa o branco, aqui vai uma dica da sommelière: "Vinho branco no inverno é uma boa opção porque não bebemos muito gelado e, quanto menos gelado, mais aromático. Quando você gela muito o vinho, ele perde o aroma".

O velho papo de que o branco é para peixes e aves, e o tinto para carnes vermelhas também não é regra, destaca o enófilo Marcelo: "Harmonizar é encontrar o equilíbrio entre o vinho e a comida".

E para quem quer conhecer o mundo dos vinhos a fundo, a pedida é se matricular em cursos, participar de degustações, comprar livros e revistas especializadas. A ABS e lojas dedicadas aos vinhos anunciam cursos periodicamente (veja lista de cursos abaixo). Outra opção é participar dos jantares harmonizados que restaurantes como o Térèze, no Hotel Santa Teresa, oferecem. O Térèze promove todas as quintas o Restô à Vin, em que cinco pratos são harmonizados com diferentes vinhos, escolhidos pelo músico e fã da bebida Mú Carvalho, que preparou uma carta em que desmistifica de forma divertida cada um deles.


Glossário:

Cabernet Sauvignon - É uma casta de uvas da família da Vitis vinifera, a partir da qual é fabricado vinho de alta qualidade. Originária da região de Bordeaux, no sudoeste da França, é a uva vinífera mais difundida no mundo, encontrando-se em todas as zonas temperadas e quentes. Caracteriza-se pelos taninos densos e cor profunda.

Carménère - É uma casta de uva, originalmente da região do Médoc, França, onde era usada para a produção de vinhos tintos intensos e ocasionalmente para mistura de modo semelhante à casta Petit Verdot. Na Europa, as videiras desta variedade foram dizimadas por uma praga e substituídas por outras castas mais resistentes. Atualmente, é exclusiva do Chile.

Pinot noir - É a grande uva da região da Borgonha, sudoeste da França, com a qual são produzidos vinhos em geral bastante
complexos com aromas intensos e que evoluem muito bem com o passar dos anos. É uma uva de difícil cultivo mas que se adaptou muito bem à Itália, ao Chile e à África do Sul.

Merlot - É uma casta de uva tinta, sendo utilizada para a elaboração de vinho tinto para ser consumido jovem. O Vinho Merlot é encorpado e intensamente frutado, apresentando uma cor vermelho-púrpura.

Shiraz ou Syrah - é uma casta de uva tinta cultivada em países como a Austrália (onde é chamada Shiraz), França, Argentina, Estados Unidos, Chile e Portugal.

Malbec - É umas das variedades de uva tinta originária da França e cultivada também na Argentina.

Gamay - É uma uva tinta cujo nome completo é Gamay Noir à Jus Blanc. Provavelmente surgida de uma mutação da Pinot Noir, produz vinhos leves como o Beaujolais.

Acidez - Essencial para a vida e vitalidade de todos os vinhos. Num vinho de mesa seco e equilibrado deve estar entre 0,6% a 0,75% do volume.

Ácido tartárico - Ácido natural do vinho. Pode formar cristais inofensivos na garrafa ou na rolha, principalmente em vinhos brancos mantidos à baixa temperatura.

Adstringência - Sensação de boca seca, provocada pela contraçãio das mucosas, como a causada por frutas ainda verdes.

Enófilo - Pessoa que aprecia e estuda os vinhos.

Enólogo - Especialista da ciência do vinho.

Tanino - Substância natural encontrada no vinho, essencial para a estrutura dos tintos. É derivado principalmente das cascas e sementes. Tem um sabor adstringente.

Vinho fortificado - O vinho que teve seu teor alcoólico aumentado pela adição de aguardente vínica (exemplos: Vinho do Porto, Jerez, Madeira, VDN).
 
Vinho varietal - Vinho identificado com o nome da variedade da uva no rótulo.

 
Cursos:

Rio de Janeiro

ABS Rio 
Sede: Praia do Flamengo, 66 Bloco 2 Sala 311 - Flamengo.(21)2285-0497
Filial: Av. Ayrton Senna, 3000 / Bl. 2, sala 210. Barra da Tijuca
(21)2421-9640 (após 13 horas)
abs-rio.com.br

C.I.V.D - Curso de Iniciação ao Vinho e a Degustação
Com o enófilo Marcelo Andrade 

Restaurante Buonasera
Rua Araribóia, 253 – Niterói / RJ
(21) 9764-6167
workcelo@yahoo.com.br

L'Orangerie
Rua General Glicério, 364 - Laranjeiras. (21)2205-5000
lorangerie.com.br

Térèze - Hotel Santa Teresa
Menu + Vinhos : R$ 120,00, por pessoa + serviço de 13%
Reservas :  (21) 3380-0200 / 8509-6829
Rua Felício dos Santos, S/N, Santa Teresa.
santateresahotel.com

Pós-graduação lato sensu em Vinho e Cultura
Universidade Candido Mendes
Rua da Assembléia, 10 - Centro.
Inscrições e informações – (21) 9972-7693
e-mail: pecs@candidomendes.edu.br


São Paulo

ABS São Paulo
(11) 38147853
Avenida Fria Lima, 1.800 / 8º andar
abs-sp.com.br

Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho
Rua Gabriel Monteiro da Silva, 2586 - CEP: 01442-002 - São Paulo - SP
(11) 3814-7905
sbav-sp.com.br

Personal Sommelier
(11) 5041-3277
info@personalsommelier.com.br
 
Belo Horizonte

Escola do Vinho Belo Horizonte
Contato: (31) 8489 3646
carlosgiacometti@miolo.com.br
miolo.com.br

Porto Alegre

Confraria Internacional dos Apreciadores de Vinho
Rua Doutor Flores, 98 / S 41 - Centro.
(51) 3226-2629

Escola do Vinho Porto Alegre
Contato: (51) 2108 0150 pelo
miolo.com.br

Salvador

Escola do Vinho Nordeste
(71) 2101-3644
miolosalvador@miolo.com.br


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